Historial
Os bovinos autóctones da região Alentejana representam uma forma primitiva e milenar da espécie bovina e disso são prova os fósseis existentes no Museu dos
Serviços Geológicos de Lisboa, pelas semelhanças que apresentam com peças correspondentes aos actuais bovinos (Andrade, 1948). O mesmo autor refere que o gado
bovino Alentejano é derivado de uma forma meridional do Bos primigenius, que se terá desenvolvido no sul da Península Ibérica e que terá emigrado para África,
tendo regressado à Península Ibérica depois da última glaciação.

A raça bovina Alentejana, extremamente bem adaptada ao meio onde se insere, teve durante anos a função principal de produzir trabalho. A sua evolução esteve ligada
à revolução industrial, à mecanização da agricultura e ao crescimento populacional. Desde então novas técnicas agrícolas emergiram, com o objectivo de aumentar a produtividade,
do mesmo modo que se iniciaram actividades relacionadas com o melhoramento animal, com o intuito de aumentar a produção de carne em detrimento da produção de trabalho. Em toda a
Europa as raças bovinas foram submetidas a programas de selecção, sendo a sua vocação natural redireccionada do trabalho para a produção de leite, carne ou, em alguns casos, para ambas.
A partir da segunda metade do século XX, apesar da oposição de algumas entidades oficiais, professores e técnicos de destaque da altura, muitos criadores, na tentativa de quebrar a tendência
de perda de rendimento com a actividade pecuária, nalgumas situações iludidos com a possibilidade de melhorar a rentabilidade das suas explorações, optaram por copiar modelos de produção de
outros países e recorrer à importação de raças exóticas (Carolino, 2006). Nesta fase, verificava-se uma tendência clara para o aumento da exploração de raças exóticas ou para a realização de
cruzamentos indiscriminados com estas raças, na tentativa de se obterem animais melhor conformados e com uma velocidade de crescimento mais elevada (Ralo, 1972). Durante este período era difícil
saber o número aproximado de bovinos de cada raça, uma vez que nem todos os Livros Genealógicos tinham ainda sido constituídos e os censos (“arrolamentos dos gados”) apresentavam, mais frequentemente,
os valores por região do que por raça.

Nos últimos anos, a execução de alguns programas, inicialmente, apenas de carácter nacional e, posteriormente, comunitário (e.g., Novagri, PAMAF e AGRO), com a convicção de que
o trabalho de conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos animais seria da competência das Associações de Criadores, com o apoio e fiscalização dos Serviços
Oficiais, acabou por constituir um contributo decisivo para travar a regressão dos efectivos de raças autóctones que se vinha observando em Portugal desde meados do século XX.
Esta tendência não é alheia ao facto de, actualmente, haver uma maior exigência por parte dos consumidores, o que promoveu a criação de agrupamentos de produtores das várias
raças nacionais, responsáveis pela comercialização da carne como produtos com Denominação de Origem Protegida (DOP). Neste âmbito, foi criada em 1992 a CARNALENTEJANA S.A.,
entidade responsável pela comercialização dos bovinos Alentejanos como produtos DOP.